Quero meus versos com vida: pulsando, latejando urrando, esturrando, bramindo rangendo dentes cerrando punhos empunhando bandeiras no front – na linha de frente – e se morrer, morrer feito gente.
Quero meus versos gestados: fruto do ato carnal masturbação mental gozo intelectual embrionários... Depois, legiões fetais dando pontapés nas paredes cerebrais levando-me ao apogeu dos prazeres carnais.
Quero meus versos paridos: intraplacentários com cólicas, dores, líquido amniótico cordão umbilical instantaneamente rompido (pós-parto!) com sangria de fato com hemorragia e tudo... Depois, o choro de recém-nascido quebrando o abismo mudo dos frios corações.
Quero meus versos sofridos: torturados em pau-de-arara quebrando a cara dosando concreto sem emprego certo na fila da Previdência desafiando a ciência: – É câncer! É tísica... é neurose... – É edema pulmonar! – Afinal, que doença é, doutor? – Sei lá!!!... sei lá!!!... – É fome, doutor! É fome! Vejam vocês: mais um cadáver pra vala comum. Mais um!... mais um!... mais um...
Quero meus versos lutando: com sílabas calejadas com rimas suadas em estrofes rasgadas... Mesmo com pés quebrados rimando pão com chão contrapondo sim ao não escalando os escalados escalões oficiais como se andaimes fossem de uma velha construção em ruínas, mas com os pés no chão e o olhar nas esquinas.
Quero meus versos com vida: GESTADOS PARIDOS SOFRIDOS LUTANDO vivendo como qualquer outro operário nas portas das fábricas nos bancos das praças nos seios de Maria (principalmente se for da Graças!) no morro, na favela no campo, nas coxas dela quero meus versos com vida!
QUERO MEUS VERSOS...
ResponderExcluirQuero meus versos com vida:
pulsando, latejando
urrando, esturrando, bramindo
rangendo dentes
cerrando punhos
empunhando bandeiras
no front – na linha de frente –
e se morrer, morrer feito gente.
Quero meus versos gestados:
fruto do ato carnal
masturbação mental
gozo intelectual
embrionários...
Depois, legiões fetais
dando pontapés nas paredes cerebrais
levando-me ao apogeu dos prazeres carnais.
Quero meus versos paridos:
intraplacentários
com cólicas, dores, líquido amniótico
cordão umbilical instantaneamente rompido
(pós-parto!)
com sangria de fato
com hemorragia e tudo...
Depois, o choro de recém-nascido
quebrando o abismo mudo
dos frios corações.
Quero meus versos sofridos:
torturados em pau-de-arara
quebrando a cara
dosando concreto
sem emprego certo
na fila da Previdência
desafiando a ciência:
– É câncer! É tísica... é neurose...
– É edema pulmonar!
– Afinal, que doença é, doutor?
– Sei lá!!!... sei lá!!!...
– É fome, doutor! É fome! Vejam vocês:
mais um cadáver pra vala comum.
Mais um!... mais um!... mais um...
Quero meus versos lutando:
com sílabas calejadas
com rimas suadas
em estrofes rasgadas...
Mesmo com pés quebrados
rimando pão com chão
contrapondo sim ao não
escalando os escalados escalões oficiais
como se andaimes fossem
de uma velha construção em ruínas,
mas com os pés no chão e o olhar nas esquinas.
Quero meus versos com vida:
GESTADOS
PARIDOS
SOFRIDOS
LUTANDO
vivendo como qualquer outro operário
nas portas das fábricas
nos bancos das praças
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(principalmente se for da Graças!)
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no campo, nas coxas dela
quero meus versos com vida!
www.fantenorgonsalves.blogspot.com
F. Antenor Gonsalves.